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Anastácias dão dicas de tranças |
Trançar cabelo é uma técnica antiga, trazida pelos povos africanos, que tem ganhando cada vez mais adeptos entre os jovens. Tranças nagô, rastafari e dreadlocks têm feito a cabeça da galera. E são uma bela opção aos tratamentos químicos em cabelos crespos, para alisar e diminuir volume.
Para ensinar o passo a passo para fazer tranças nagô e os cuidados de manutenção de dreadlocks, o Beleza Pura convidou as Anastácias, grupo de Hip Hop de Porto Alegre. Elas aprenderam a trançar em casa e se lembram de quando ainda eram crianças e reclamavam quando as mães puxavam os seus cabelos para elaborar os penteados.
O grupo é formado por Cláudia Fontoura Silva, 19 anos, e Denise Fontoura Silva, 22 anos, Malizi Fontoura Gonçalves, 22 anos, Fernanda Ferreira, 23 anos e Quênia Lopes, 21 anos. Elas estão morando no Rio de Janeiro há um ano, em bairros da Zona Norte, como Higienópolis e Vila Isabel na Zona Norte, e no morro do Vidigal, na Zona Sul.
Depois de uma visita ao Rio, em 2003, para receber o prêmio Demo Feminina, no Festival de Hip Hop Hutúz, elas se apaixonaram pela cidade. “Aqui no Rio, temos mais oportunidades de trabalho, com cabelos e com música”, avalia Denise.
Penteados da infância
Elásticos de silicone, linhas e peças de cerâmica |
Enquanto preparam um CD demo, elas ganham dinheiro fazendo cabelos e ensinam como é possível valorizar a cultura negra e o cabelo natural.
Quando elas começaram a freqüentar o circuito do Hip Hop em Porto Alegre, onde se reuniam DJs, b-boys, MCs e grafiteiros, destoavam da maioria das meninas que usavam cabelos lisos e roupas largas.
Quando elas começaram a freqüentar o circuito do Hip Hop em Porto Alegre, onde se reuniam DJs, b-boys, MCs e grafiteiros, destoavam da maioria das meninas que usavam cabelos lisos e roupas largas.
"Nosso visual com blacks e tranças provocou certo impacto. Chegaram a nos apelidar de 'patricinhas do rap'", lembra Denise.
Estranhamentos superados, elas logo começaram a rimar e a botar em prática os penteados que aprenderam em casa. “Quênia era a mais experiente, sua mãe fazia tranças para uma clientela enorme”, lembra Cláudia. O conhecimento adquirido acabou virando uma forma de ganhar dinheiro.
Nagô
A trança nagô é feita junto ao couro cabeludo e permite a criação de vários desenhos. Pode ser feita até a metade da cabeça ou na cabeça inteira, com o cabelo natural e com aplicação de outros fios, naturais e artificiais. “Há muitas possibilidades desenho. O melhor é aquele que combina com a anatomia da pessoa”, opina Denise.
A escolha certa deve levar em conta as forma da cabeça, a quantidade de cabelo e as falhas no crescimento do cabelo de cada um.
Quênia faz seu nagô |
Dependendo do tamanho do cabelo e da complexidade do desenho, o trabalho pode durar de uma a 7 horas. As tranças que usam apliques são as mais demoradas. “A trança nagô pode ser feita em qualquer tipo de cabelo, crespo ou liso, e sua duração varia de acordo com a capacidade de fixação do penteado de cada fio, podendo ser mantida por pelo 15 dias, ou até mais dependendo do cuidado”, ensina Cláudia.
Para manter, é permitido molhar, mas são necessários alguns cuidados na hora de dormir e na lavagem. "Não pode ser lavada todo dia e quando for lavar, tem que usar uma touca de meia para proteger a trança", recomenda Quênia.
A touca feita com um pedaço de meia calça cortada é a melhor opção para o banho. "É bom e barato", elogia Cláudia.
Para dormir, também pode ser usada outra touca no mesmo estilo, um lenço ou redes para proteção de penteados. "Evita que os fios se soltem e o cabelo fique com aspecto bagunçado", recomenda Denise. A secagem também merece atenção e pode ser acelerada com um secador na temperatura fria.
Passo a passo
O material necessário é uma tesoura, uma agulha ou um pauzinho de laranjeira, pequenos grampos ou 'piranhas', para prender o resto do cabelo, e fios de elástico finos próprios para penteados (do tipo elastex) ou elásticos pequenos de silicone para finalizar as tranças. Os materiais são facilmente encontrados em lojas que comercializam produtos para cabelo.
Pauzinho separa os caminhos da meia trança nagô de Denise |
O primeiro passo é a separação do cabelo que será trançado imediatamente. Prenda o cabelo que não será trançado com grampos ou piranhas. Em seguida, escolha por onde começar e defina o traçado. Em geral, a nagô começa a ser feita pela parte superior da cabeça, sobre a testa. A separação dos fios vai definir a espessura da trança e pode ser feita com um pauzinho de laranjeira ou até mesmo uma agulha grossa, como a de crochê.
Comece a trançar, bem apertado, e vá adicionando as pequenas mechas na medida em que for avançando na direção do desenho planejado.
A meia trança nagô termina na metade da cabeça. Com os fios restantes, termine a trancinha e a deixe pendente. No final, corte um pedacinho de elastex e dê um pequeno nó, bem apertado, para amarrar a trança.
Em seguida, reinicie o processo com uma nova mecha de cabelo até terminar o penteado.
Nagô invertida
A nagô invertida começa na nuca em direção ao rosto |
A trança nagô invertida começa a ser trançada pela nuca e termina na testa. É ideal para quem não tem cabelos compridos. O resultado é um penteado romântico, com estilo anos 20, onde as trancinhas pendentes ao longo do rosto são um charme a mais. "Aprendemos este penteado em uma revista que falava dos penteados das mulheres de Angola", lembra Denise.
Denise começou a trançar o cabelo de Fernanda pela nuca. O procedimento é o mesmo. As mechas devem ser separadas de acordo com a espessura desejada e trançadas uma a uma até terminar
Tererê
Os tererês são apliques de linha colorida sobre uma trança de cabelo natural. O material necessário é uma tesoura, linhas coloridas que podem ser fios médios de crochê ou lã e um elástico ou silicone pequenos para prender o cabelo. Quanto mais fino o fio, maior deve ser o seu comprimento para cobrir toda a trança.
Tererês são formados por um punhado de linhas enroladas na trança |
Corte cerca de 1,5 m de fio colorido, combine cores diferentes ou use um fio da mesma cor.
Trance o cabelo no local desejado e prenda com elástico na ponta.
Em seguida, alinhe os fios coloridos e dobre ao meio. Na base da trança, passe a ponta por dentro da outra extremidade e aperte bem.
Siga envolvendo o fio ao longo da trança, o que pode ser feito deixando o cabelo aparente ou não. Quando chegar no final, dê um pequeno nó e corte o excesso de fio. Quem quiser dar um charme a mais ao tererê, pode aplicar uma conta colorida em na ponta e, só então, finalizar com o nózinho. Contas e fios coloridos também podem ser anexados aos dreadlocks e às trancinhas nagô.
Cultivando os dreads
Cultivando os dreads
Os dreadlocks cultivados por Malizi desde 2001 |
“Dreadlock não se faz, cultiva-se”, explica Malizi. Ela aderiu ao visual rastafari em 2001 e ensina os cuidados para mantê-los sempre saudáveis e fortes. Para a DJ, “cultivar” os dreads inclui ter cuidados com a manutenção e entender o que significa o penteado, uma forma de afirmação da identidade negra e da cultura africana. “Antes de tudo é preciso ter paciência, não é da noite para o dia que os dreads ficam prontos”, opina.
Para começar um dread, é preciso separar o cabelo seco em mechas e ir enrolando. “A espessura de cada dread e a direção de cada cacho é o que vai definir o caimento”, analisa. A aplicação de cera de abelhas ajuda a aglutinar os fios e é necessária no início e, principalmente, para cabelos lisos e finos. “Os cabelos crespos não necessitam tanto de cera”, avalia.
Na medida em que os cabelos crescem, é preciso estar sempre enrolando os novos fios. “É preciso buscar a raiz, separar os cachos ir enrolando e juntando. Uma tesourinha é fundamental para separar os cachos embolados”, ensina Malize.
Malizi reclama na hora de enrolar os cachos, separados na raiz |
Quem pensa que dread é sinônimo de sujeira e mau cheiro, está enganado. O cabelo pode ser lavado normalmente e até mesmo óleos hidratantes podem ser aplicados na raiz. É na secagem que é preciso ter um cuidado especial, o secador na temperatura fria é um aliado para evitar que a umidade prejudique a saúde dos fios. “Tem que ter consciência de que o cabelo demora mais a secar”, explica. Quem precisa da cera para fixar os dreads, deve renovar as aplicações depois de cada lavada.
Ação nociva
Ação nociva
Sol, vento, praia e piscina são inimigos dos dreads e das tranças nagô. A exposição excessiva pode comprometer a saúde dos fios, ressecá-los e até rompê-los. "O dread pode 'quebrar'", adverte Malizi.
Sempre que o cabelo for molhado no mar e na piscina, os cuidados na lavagem devem ser redobrados. O sal e o cloro não devem ficar impregnados nos fios, por isso é preciso lavar e enxaguar bem.
Sempre que o cabelo for molhado no mar e na piscina, os cuidados na lavagem devem ser redobrados. O sal e o cloro não devem ficar impregnados nos fios, por isso é preciso lavar e enxaguar bem.
Para ver mais da revista acesse: www.belezapura.org.br
beijos!!!!!
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